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Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/167

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a vil mofina. D. Paulina e Guida, de combinação com ele, prepararam a surpresa, a cujo desfecho acabamos de assistir.

Muitos dos convivas não se tinham apercebido da mofina, pela indiferença com que passam os olhos por essa arena da imprensa, onde se esgrime, de envolta com ideias e sentimentos nobres, toda a casta de paixão.

Valeu-lhes o Benício, que ninguém jamais apanhou desprevenido.

Submergindo a mão pelas profundezas do bolso, tirou dois ou três retalhinhos de jornal: eram exemplares da mofina que tinha o cuidado de cortar cada dia para apresentá-la cheio de pesar e indignação a quantos encontrava, aproveitando a ocasião para fazer o pomposo elogio de seu íntimo amigo, o Soares, que, isto é dele, “metia no chinelo todos os comendadores havidos e por haver”.

— A mofina?... Querem ver o desaforo?... Aqui está, essa pouca-vergonha! dizia o homem serviçal obsequiando aos vizinhos.

Erguera-se o Soares:

— Meus amigos. Isto nada vale por si, disse