Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/198

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Depois, reclinando-se para não arrancá-la à sua posição, fez-lhe a confidência de sua vida em breves palavras:

— É uma afeição de infância. Brincamos juntos, e aprendemos a amar-nos. Esperava formar-me, mas tendo falecido meu pai, fiquei único arrimo de uma família pobre e endividada. Meu tio, o pai de Bela, adiou o nosso casamento, apelando para minha honra. Que futuro reservava eu para sua filha, pobre também? Parti para a corte; vim pedir ao trabalho os recursos indispensáveis para desempenhar a velha casa onde mora minha mãe, e que é nosso único patrimônio.

— E é preciso muito dinheiro? perguntou Guida com interesse. Quanto?

— Acanho-me de falar-lhe dessas particularidades.

— Não adquiri esse direito fazendo-lhe minha confidência? tornou a moça com meiga exprobração.

— Tem razão.

E Ricardo completou a breve história de sua vida; e contou-lhe, como o faria à sua mãe, as ânsias