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Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/223

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— Pode falar, disse D. Guilhermina. Ninguém nos ouve.

— A carta era muito curta. Bela dizia a Ricardo que, não podendo fazer sua felicidade, cedia aos desejos do pai aceitando o esposo que ele tinha escolhido.

— E o Ricardo, como recebeu a notícia?

— Tem sentido muito. Ele amava sinceramente a prima; era uma afeição de infância.

— Mas há de consolar-se.

— Que remédio!

— Os homens esquecem depressa!

— As injustiças que lhes fazem aquelas a quem adoram.

— Há de ver que daqui a um mês o Ricardo amará outra.

— Duvido, disse Fábio. Eu o conheço; é dessas almas concentradas, onde tudo, afeição, ideia, lembrança, cria raiz funda. É preciso tempo!

— Veremos!

Deixara D. Guilhermina cair essa palavra do lado da estátua, afastando-se para deixar a Guida retirar-se sem que a percebesse Fábio. Aproveitou