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Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/231

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— Desta vez desforrou-se! observou D. Benvinda contando as laudas da carta que tinha aberto. Toma, Luisinha; vamos ver o palavreado do rapaz. Já estou-me rindo!

— Leia você, Bela, murmurou Luisinha com as faces a arderem.

Era o costume. As duas noivas trocavam a vez nessa leitura.

A carta de Fábio era uma garrulice de estroina, mas não destituída de chiste e boas lembranças.

Suprimidos os nomes próprios, e metida em meia dúzia de colunas, aquela prosa caseira e do cote, podia bem gozar das honras do folhetim, e não teria que invejar aos mais asseados e domingueiros que aí aparecem.

Ao escrever essa carta passava o noivo de Luisinha por um desses momentos de plenitude moral, em que o espírito, como o coração, transbordam, e carecem de vazar a afluência de vida. Durante seis meses fartara-se de prazeres, divertira-se a não poder mais, gozara do mundo, era amado por uma mulher bonita e do grande tom. Estava cheio.

Retido em casa à espera de uma resposta que