procurava nas conversas e burburinhos da sala, aquele grão de sal de que ele carecia para serenar a sua tristeza.
Mais de uma vez chegou-se para a filha do banqueiro com intenção de lhe dirigir a palavra; mas alguma força oculta o tolhia, que afastava-se, disfarçando o primeiro movimento.
Não escapou a Guida esta perplexidade. Convencida de que Ricardo lhe desejava falar, mas retraía-se na presença das pessoas que a cercavam, afastou-se um instante da roda das moças e cavalheiros a pretexto de ir ao interior; na volta chegou-se ao piano, e demorou-se em escolher uma peça para tocar.
Ricardo, recostado nesse momento ao vão de uma janela, foi talvez a única pessoa que seguiu os movimentos da moça; repetidos impulsos teve de aproximar-se, enquanto ela folheava o álbum, e não chamava a atenção ferindo as teclas do instrumento.
Guida colocou o livro na estante, e afastando o banco com a ponta do pé, volveu os olhos para Ricardo. Encontrando os dele, sentiu expandir-