Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/283

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Guida o guardara virgem e intacto para o seu primeiro amor; porém este não o encontrara no mundo. Por quê? Não havia um homem que a merecesse? Guida estimava o homem, mais do que ele valia, porém na pureza do ideal; por isso os indivíduos da espécie lhe pareciam escorços, senão caricaturas.

— Por que não sou eu o homem que ela sonha, disse Ricardo; por que não me deu o Criador um raio do fogo sagrado para reanimar esta vida que se extingue, para reter na terra esta bela mulher que se está transformando em anjo?

Guida sentara-se à beira do caminho, numa leiva coberta de relva, e acompanhava o recorte das nuvens com o olhar mórbido, que às vezes se eclipsava sob os longos cílios e volvia rápida e sutilmente ao rosto de Ricardo.

— Deve passear! disse Ricardo para romper o silêncio.

— Ela não gosta mais de sair como dantes, observou Mrs. Trowshy.

— Fatiga-me tanto! tornou Guida. Já três vezes viemos para este lado; e ainda não pude chegar até a outra volta.