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Página:Sonhos d'ouro (Volume II).djvu/42

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— Pois não! Aí o tem, o seu mimoso! exclamou Guida saltando da sela, com extrema agilidade.

— Desculpe-me...

— Por quê? Por exigir o que lhe pertence? Estava em seu direito. No que não estava, e eu não lhe desculpo, é na ideia que fez de mim.

Dos lábios da moça desprendeu-se um riso sarcástico, prelúdio de sua palavra irônica:

— Pensa o senhor que tendo-o convidado para um passeio, era eu capaz de dar-me ao desfrute de correr um perigo qualquer, como por exemplo, o de atirar-me da montanha abaixo, para que o senhor, como um herói de romance, chegasse a tempo de salvar-me? Pois saiba que nada me aborrece tanto como esses romantismos, já tão vistos e corriqueiros. Além de que seria incômodo para nós ambos: o senhor teria de suportar todo o peso da minha gratidão; e eu de combater a cada instante os escrúpulos de sua modéstia e delicadeza. Imagine o agradável divertimento que teria cada um de nós, o senhor, esmagado pela minha riqueza e generosidade, eu, crivada pelos espinhos de sua dignidade.