§ 29 — As palavras nheêngatú podem ter o accento tonico tanto na ultima, como na penultima ou antepenultima syllaba, embora estas ultimas sejam rarissimas.
Ex. Catú — bom. Ára — dia. Tupána — Deus. Kérupi — sonhado.
§ 30 — As palavras compostas, porque por via de regra se formam como por simples juxtaposição, podem por isso mesmo ter mais de um accento tonico — Ex. Itámaracá, Manipuéra, razão pela qual podem ser tambem escriptas Itámaracá — sino; Mani-puéra — caldo da mandioca.
§ 31 — Nas palavras que acabam por diphtongo, o accento é sempre sôbre este — Ex. Iuráu — solto; Miasúa — servo; Cuá — este; Iucei — ralo.
Nas que acabam em triphtongo o accento é tambem sempre sôbre este — Cuairasáua — miusalha; Uiryuá — biribá; Canhemotêua — fujão.
§ 32 — Nas palavras que acabam por Y o accento tonico é sempre sôbre a ultima syllaba, devido á especie de aspiração guttural que Ihe é peculiar, e que já vimos ter sido até figurada por G de modo a fazer IG. Ex. Mbuy — furado. Mendy — sogra da mulher. Sumby — nadegas.
§ 33 — Egualmente o accento tonico recae sôbre a ultima syllaba quando a palavra acaba por nasal, — sendo que quando a nasalização é forte escrevemos a vogal surmontada do til e seguida de N, e quando a nazalização é tenue escrevemos a vogal simplesmente com o til — Ex. Munhãn — feito; Iupirûn — comecado; Cunhã — mulher.
§ 34 —Deixamos de assignalar tanto a pronúncia aberta como a fechada não só para não sobrecarregar de signaes a escripta, mas tambem pela grande variabilidade da pronúncia que geralmente existe, não só de região a região, mas de localidade a localidade, e mesmo de pessoa a pessoa, e que nos deixa incerto sobre qual seja a verdadeira pronúncia.
Accresce que, embora a differença da pronúncia possa, na hypothese, ser relevada como inexacta pelos que tem habito de fallar o Nheêngatú, nem por via disso deixaram de comprehender.
§ 35 — Para facilitar a pronúncia, conjunctamente com o accento e o til usamos do traço de união para indicar os diversos elementos que concorreram para a formação da palavra, especialmente quando por qualquer causa, ou simplesmente para facilitar a pronúncia, seja de utilidade ter debaixo dos olhos os seus componentes — Ex. Amu-mira-etá-uara — proveniente de outra gente; Mira-etá-uára — comedor de