Página:Suspiros poéticos e saudades (1865).djvu/103

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Que grande sacrifício o céu consuma?
Quem é Esse que expira no Calvário
Entre dous criminosos,
Nos braços de uma Cruz, com rosto brando,
Como se o fel da morte não provasse?

O monte que suporta o peso ingente
Suspira a cada gota desse sangue,
Que o rega, e cai-lhe dos feridos membros
Da vítima sublime.
Quem é Esse, de quem o céu, e os astros
A morte estão carpindo?
Não, não é um mortal! — Razão altiva,
Em vão procuras ocultar seu Nome!
E' o Filho de Deus, que sobre a terra
Espalhou a Moral pura e celeste,
Aos homens ensinando
A verdade, o amor, e o sofrimento.
Só o Filho de Deus na Cruz podia
Sofrer por nosso amor este tormento.

Homens degenerados
Sem pejo aos pés de deuses se prostravam