Página:Suspiros poéticos e saudades (1865).djvu/158

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Como depois de borrascosa noite,
Rutila alva serena,
Do seio do futuro inexaurível,
Novo ano, sai, assoma mais fagueiro,
E as lágrimas estanca,
Que pela dor mil vezes arrancadas,
Do coração aos olhos me subiam.

Faze que esta ilusão que a alma consola,
Esta esperança, último refúgio
Que na desgraça o malfadado encontra,
Núncio me seja de um melhor futuro.
Sê meu Íris de paz, e o meu santelmo.
Assaz desditas minhas juz me outorgam
De merecer-te ao menos um sorriso;
Assaz para um favor sofrido tenho.

Esta que ora desfruto paz serena,
Este descanso que piedosa destra
Concede a meu espírito agitado,
Este celeste sopro
De alma ventura que respiro agora,
Esta luz que me aclara,