Página:Suspiros poéticos e saudades (1865).djvu/179

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Triste suspiro meu!... Já que teu eco
O silêncio quebrou misterioso
Do sepulcral horror deste recinto;
Sai, oh suspiro! sai... Não mais ressoes,
Inútil não te percas,
Nestas longas abóbadas quebradas,
Murmurando tu só de estância em estância,
Como um lúgubre som de ave noturna,
A quem prazem as trevas, e os destroços.

Teu doloroso som repercutido
Na oposta parte, tal pavor inspira,
Que um gemido parece das entranhas
Desta imensa ruína;
Eu mesmo que exalei-te, eu mesmo tremo,
E mortos tremeriam se te ouvissem;
Que farão os viventes!

Hirtos na fronte tenho inda os cabelos,
Frio, trêmulo o corpo,
Como um tronco de gelo ao vento exposto;
E o triste coração onde habitaste,
Recobrando de novo o movimento,