Que nem sempre à Razão o céu concede
A mina profundar inescrutável,
Onde de efeitos mil se oculta a causa.
Que mistério é maior que o gérmen do homem?
Que mistério é maior que a vida sua?
Que mistério é maior que a sua morte?
Oh mistérios sublimes! — Donde, oh homem,
A evidência te veio, que este mundo,
Que fora de ti vês, real exista?
Na terra para mim tudo é mistério,
Eu, o que sei, e tudo quanto ignoro.
Dia aziago foi todo este dia,
Desde o surgir do sol, té seu ocaso
O coração pejado de tristeza
Procura a solidão, ama o mistério.
Bela era a noite, mais que o dia bela!
Alvinitente a lua rutilava,
Como um rosto de virgem pudibunda,
Que em seu jardim passeia solitária.
Ao Capitólio fui, e foi comigo
O Amigo fiel; juntos passamos
Página:Suspiros poéticos e saudades (1865).djvu/205
Aspeto