Quem pode ver o formigueiro oculto,
Que o humano coração rói, e lacera?
Se eu sofro, ou não, só eu, só Deus o sabe.
Mas feliz quem nos seios de sua alma
Acha uma grande idéia que o consola,
Como uma taça de suave néctar,
Que lhe acalma as entranhas sequiosas.
Quem se resigna à dor não sofre tanto.
Que veneno aí há que um bem não faça?
Ou que remédio que não cause um dano,
Segundo o caso, e leve circunstância,
Que à vista perspicaz escapa às vezes?
Não, não és tu, Filosofia humana,
Quem me robora o peito!
Sábias lições de sofrimento ditas;
Mas o valor acaso dar tu podes?
Quantas vezes o mal frustra a ciência!
Pura fonte conheço, inexaurível,
Onde sempre o infeliz adoça as dores.
Livro sagrado,
Vem consolar-me,
Vem saciar-me
Página:Suspiros poéticos e saudades (1865).djvu/265
Aspeto