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Página:Suspiros poéticos e saudades (1865).djvu/293

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Quem sabe se ao raiar da aurora crástina,
A seu hino de vida
Um eco faltará de minha lira,
De minha alma um gemido?

Cada minuto da vida
Pode ser o derradeiro;
Da vida ao nada há um ponto,
E o homem passa-o ligeiro.
O Cisne que desliza à flor do lago,
Perlas formando co'o bater das asas,
Mudo a garganta alonga,
E só da morte a voz nela ressoa;
Como uma flauta que do tronco pende
Por amoroso voto,
Pelo vento agitada,
Embalança, e suaves harmonias
Exala de seu tubo:
Assim a voz do cisne se desata,
Pela morte inspirado;
Assim se melodia,
Para doce entoar o hino extremo.