Não, não és um mortal quando tu cantas!
És o Arcanjo da justiça eterna!
Lâmina acesa, fulminante empunhas,
Com que prostras por terra a fronte ao crime,
Com outra mão elevas o homem justo.
Ou tu cantes a guerra, ou. amor cantes,
Ou louves do Senhor as maravilhas;
Ou do céu as angélicas belezas,
Ou do inferno os horrores nos retrates;
Ou sobre o esquife de um amigo chores,
Ou enfeites a campa da inocência;
Sempre teus versos, qual nectáreo rócio,
De inefável prazer a alma me embebem!
Ah não profanes o teu gênio, oh Vate!
O incenso só no altar queimar-se deve!
Em lago impuro não se banha o cisne,
Que manchar teme a cândida plumagem.
Imita o cisne; e como sempre as flamas
Sobem ao céu, ao céu teus hinos subam.
As riquezas que a terra oh avaro ofrece,
Mais valor para ti que o céu não tenham;
Página:Suspiros poéticos e saudades (1865).djvu/43
Aspeto