As riquezas da terra ao Vate servem
Para imagem da mística linguagem,
Como ao belo ideal dão vida as cores.
No dia em que da lira sons forçados
Venderes ao tirano em troco de ouro,
Nesse dia o céu deixa de inspirar-te;
Quebra essa lira, e cessa de ser Vate.
Quando a virgem do sol seu voto infringe,
Vedado lhe é tocar no sacro fogo;
D'alva c'roa de flores a despojam,
Adornos de vestal, e o nome perde;
Assim quando uma vez, oh Vate, atende,
Venais hinos os lábios teus verterem,
Deixarás de ser Vate; arranca a c'roa,
E co'o selo do opróbrio entra no mundo.
Opróbrio ao Vate que profana a lira!
Opróbrio, infâmia a quem insulta o Vate.
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