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Página:Suspiros poéticos e saudades (1865).djvu/46

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Os que se arrastam sobre a dura terra,
E o homem que para o céu olhos eleva,
Todos humildes seu Autor adoram.

Todos te adoram, sim, meu Deus, mas como?
Este no sol te vê, na lua aquele,
Qual um touro te crê, qual um tirano;
E entre si disputando a preferência,
Todos ufanos conhecer-te julgam.

No céu rutila o sol, e sobre a terra
Caem seus raios como chuva de ouro;
Mas cada flor, um raio recebendo,
De um esmalte diverso se colora.

Oh tu, qu'eu amo como casta virgem!
Sim, tu és como Deus, diva Poesia!
Sim, tu és como o sol! Por toda parte
Cultos te rendem de uma zona à outra;
Cada mortal te ofrece
Um culto igual à força de sua alma;
Qual te julga uma virgem do Permesso,
Só de ficções amiga;