remanescente dos tempos felizes. Calculou que daria uns quatrocentos mil-réis e, como andava com Mamede em excursões noturnas, de tasca em tasca, de espelunca em espelunca, lembrou-se de tentar a sorte com o que sobrasse do dinheiro, pagas todas as contas.
— É possível que eu não venha jantar, disse ao sair; vou dar uns passos por aí a ver se encontro alguma coisa.
— Não te esqueças da casa.
— Não me esqueço.
— E olha: Eu também talvez saia um pouco com Felícia, à noite.
— A senhora?!
— Sim.
— Onde vai? - perguntou sorrindo, achando um "quê" de cômico naquela resolução da velha.
Dona Júlia hesitou um momento, depois, também sorrindo, disse:
— Vou aí a um lugar... Quero ver se arranjo umas costuras.
— Pois a senhora quer coser para fora?
— Então, meu filho?!
— Ora, mamãe... deixe-se disso. A senhora pode lá com costuras!
— Não te importes. Tenha eu saúde.
— Pois sim... E a chave?
— Isto é que é... Já me lembrei de a deixar à janela, por dentro, com um barbante para se puxar.