— Ou embaixo da porta, lembrou.
— Sim, é melhor. Pois fica assim: deixo embaixo da porta, do lado esquerdo.
— Bem. Até logo.
— Até logo. E Deus te acompanhe.
Paulo saiu com ânsia de chegar à casa de penhores, para conhecer o valor da velha jóia. Dona Júlia foi à cozinha. Felícia estava no quintal, lavando, ao sol, com o cachimbo nos beiços. Chamou-a. A negra levantou o busto, passando as mãos pelos braços, a raspar a espuma que os cobria, e caminhou para a velha, que se encostara a um dos alizares da porta:
— Estou com vontade de ir hoje, Felícia. Pode ser?
— Como não? Mas minh'ama falou a nhonhô?
— Falei.
— Dizendo que ia lá? - exclamou alarmada.
— Estás doida!
— Ahn... E vosmecê há de ver como se descobre tudo. - A fisionomia da negra iluminou-se. - Vosmecê já devia ter ido.
— Não acredito nessas coisas.
— Por que, minh'ama? Então vosmecê não acredita nas almas?
— Não sei. Depois, tenho tanto medo... Tanta gente tem endoidecido por causa dessas histórias.
— Ora o quê, minh'ama!
— Ora o quê?!