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Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/225

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entristeceu e esfriou. Com os olhos nas colunas dos jornais Paulo não via mais que manchas - o seu espírito estava longe. Por vezes demorava um instante nos períodos - aqui, num telegrama; ali, numa local: mas outra nuvem passava e lá volvia ele aos castelos do sonho, à fortuna, ao amor - ganhando à banca, torcendo-se de volúpia, vendo pilhas de fichas ou os olhos negros, irrequietos de Ritinha. Atirou longe os jornais e levantou-se bocejando alto, a estrincar os dedos.

— Que dia fúnebre!

— É volta de tempo. Amanhã é lua nova - explicou a velha limpando os óculos.

— Está frio. - E, lentamente, esfregando as mãos, foi caminhando para o quintal. - Onde está a toalha, Felícia?

— Na corda, nhonhô.

Dona Júlia sentou-se junto à janela e, tomando as velhas camisas, pôs-se a examiná-las vagarosamente. E ali ficou, numa curta felicidade, esquecida da sua mágoa, como se nada houvesse perturbado a tranqüilidade de sua vida modesta e mansa.

Esses instantes eram rápidos e raros. Às vezes, cosendo, distraída, entoava baixinho modinhas tristes, mas voltando-lhe a lembrança da filha, calava-se envergonhada como se ali houvesse