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Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/230

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seis anos em uma Academia para andar, depois, atrás de ministros, implorando um lugar de amanuense. Demais, com essa história de Violante, não tenho coragem de voltar à faculdade. Enfim...

Levantou-se, foi à janela olhar através dos vidros embaçados.

— Deus me livre de sair daqui - resmungou Dona Júlia, raspando da toalha umas migas de pão. - Não abandono minha filha, isso nunca!

Uma cena estranha, que se passava à porta da cozinha, levou a atenção dos dois para aquele ponto. Felícia, ajoelhada na soleira, à chuva, a cabeça toda para trás, os braços abertos em cruz, olhava enlevadamente o céu, a chorar. De instante a instante esmurrava o peito suspirando agoniadamente. Os dois olhavam embasbacados, e a negra, sem dar por eles, continuava naquele êxtase, supliciando-se.

— Que tem Felícia, mamãe?

— Não sei.

— Essa rapariga não anda boa.

— Parece que, com a morte do filho, a coitada ficou sofrendo.

— De que morreu ele?

— Morreu na revolta. Dizem que foi degolado. Era marinheiro.

— Felícia! bradou o rapaz.

A negra voltou a cabeça, espantada e, vendo-o, levantou-se e desapareceu. Ele foi à cozinha, já a encontrou junto