longe a toalha e começou a vestir-se azafamadamente. Ainda atava a gravata, quando abriu a porta e bradou:
— Olhe o meu almoço, mamãe.
À mesa, preocupado, mastigava maquinalmente, d'olhos parados, balançando as pernas. Dona Júlia notou-lhe a distração.
— Tu não estás aqui, Paulo.
— Senhora!? - exclamou ele, como se houvesse sido despertado.
— Estás tão distraído...
— Pensando na vida.
— Pois sim, mas come descansado. Essa comida, assim, não sustenta. Há tempo para tudo.
— Fala-se em um concurso na Secretaria do Exterior, - disse abruptamente. - Estou com vontade de entrar. - Baixou os olhos e, de cotovelos fincados na mesa, a cabeça nas mãos, ajuntou: Só assim eu me veria livre desta canalha. Somos nós dois apenas... - Dona Júlia olhava, sem compreender o que ele dizia. Mamãe não tem vontade de ver a Europa?
— Eu? Sair daqui? Deus me livre! Que vou eu buscar na Europa?
— Ora, que vai buscar... Pois eu ando a pensar nisso. A diplomacia foi sempre o meu ideal. Que futuro tenho eu aqui?
— Pois não estás estudando medicina?
— Ora, médicos há-os por aí aos centos, pedindo empregos públicos. Não vale a pena perder