atirando uma tacada.
Os ficheiros passaram à sala da roleta e Messias, no seu andar de palmípede, lá os foi seguindo, vagarosamente.
Chegavam outros pontos subindo as escadas com rumor. Por uma janelinha, ao fundo da sala do jogo, aberta sobre o telhado, esfuziava um vento áspero. Messias fechou-a declarando, com a sua voz macia e imperturbável: "Que chovia a potes". Em torno da roleta empilhavam-se fichas de várias cores e ao lado de Messias acastelavam-se maços de cartões.
Enquanto esperava, Paulo, indo e vindo, consultava-se: Se devia começar jogando forte, fazendo paradas atrevidas que, em dois ou três golpes, o levantassem; se devia insistir no joguinho manhoso, sem comprometer-se, até conseguir um bom lucro para atirar-se, então, afoitamente. Acercou-se de Messias, que já assumira o seu lugar à banca e, com a mão no bolso, acariciava as notas, olhando, ora as fichas, ora os cartões, indeciso, quando os dois outros pontos entraram, vociferando contra a noite estúpida.
Não os conhecia; logo, porém, notou que eram íntimos pela liberdade com que tratavam o banqueiro. Um deles, já velho, abrindo a bojuda carteira, pediu cem fichas; o companheiro contentou-se com a metade. Junqueira e o deputado pediram cartões. Aurélio esgueirou-se sorrateiramente com a coleção das vermelhas e foi sentar-se à cabeceira da mesa para esperar no grande.