estava quase franco, apenas o companheiro do velho tinha lá uma ficha. Ele próprio acusou o lucro:
— 35 brancas, aqui.
— Sim senhor, seu Barroso, lá vão.
Ao quinto golpe, insistindo o pequeno, Aurélio levantou-se resmungando:
"Que não tinha vergonha. Se tivesse vergonha, nunca mais jogava um vintém. Vivia a engordar banqueiros." Deu uma volta pela sala, rondando Messias; logo porém, que a bola começou a girar, lá tornou ao seu posto. Paulo, sem uma ficha, brincava com os cartões, receoso.
— Não jogas? indagou o sinfonista.
— Estou sem palpite.
— Pois olha, eu é porque fiquei a tinir, senão atirava agora tudo no grande. Paulo tomou um cartão, ia-o levando para a segunda dúzia; ouvindo, porém, o trepidar da bola, numa inspiração, às pressas, nervosamente, espalhou os cinco cartões em vários números da última dezena e recuou, a esmoer o cigarro apagado, d'olhos no tapete. "Jogo feito!" O coração batia-lhe em sobressalto, faltava-lhe o ar e, quando Messias cantou "33!" ele sentiu um abalo de vertigem e respirou.
— 35 cartões, declarou um dos ficheiros.
— Eu disse! - afirmou Aurélio, esfregando as mãos triunfante. Era fatal!
E quando Paulo recebeu o maço de cartões, já resolvido a jogar