forte, o sinfonista, roçando por ele, pediu-lhe "alguma coisa pelo palpite..."
Paulo amuou. O outro insistiu, humilde.
— Eu não gosto de emprestar cartões, Aurélio; isso traz caiporismo.
— Ó filho, pois tu, um homem de espírito, acreditas em baboseiras!
— Baboseiras, não: tenho visto. Enfim...
Passou-lhe dois cartões, e foi o bastante para que desistisse de jogar forte. Pediu uma coleção de fichas. Deu o 31. Trincou o beiço. Teve ímpeto de atirar um murro à cara ossuda e radiante de Aurélio, que levantara 105 fichas. Ele tinha apenas quatro fichas no número - um dos seus números! - e teria aventurado um cartão, talvez dois, se não fosse aquele pedido, que o encabulara.
Intimamente injuriava o glorioso autor do Incréu. Era aquilo sempre, não podia ver um conhecido ganhar. Que diabo! E trêmulo, frenético, bebendo as fichas, ia-as dispondo em ordem, carinhosamente. Junqueira, que estava de azar, volta e meia atirava uma cédula aos ficheiros. O deputado, rindo, atribuía a sua "macaca" à Leontine.
— Sempre que vou à casa do diabo da mulher é isto.
Paulo começava a aquecer-se. Pediu um kummel, disposto a fazer loucura. Não valia a pena estar ali a perder tempo com fichinhas: ou tudo nada; o melhor era atirar de uma vez, e,