As duas mulheres, entretidas, não davam por ele. Uma gorda, flácida, com as carnes moles esparrimadas e a espocarem, os cabelos ralos, grisalhos, dando-lhe um tom cinzento à nuca, era uma sombra que fazia realçar, com mais esplendor, a graça da companheira, delicada e esbelta, de ombros largos, colo farto, cinta delgada, braços roliços, pele alambreada e fina.
Os cabelos, muito negros, reluziam à claridade sob as gazes e as flores do chapéu que lhe tombava sobre os olhos, como um alparluz. e o pescoço, sem uma ruga, dum torneado irrepreensível, subia direito, altivo, da gola de veludo branco.
Era ela, Violante, mais desenvolta, mais forte, em pleno viço, sem a suavidade da graça virginal, mas com o encanto das linhas acentuadas da mulher que desabrochou para o amor.
Tinha-a ali ante os olhos, a dois passos; podia falar-lhe, ouvi-la, conhecer todos os pormenores daquele drama que trazia em pena a pobre velha, àquela hora, talvez, ajoelhada, debulhada em lágrimas a pedir por ela aos santos.
Bravos frenéticos atroaram a sala. Paulo continha o hálito, temendo denunciar a sua presença e ansiava, ao mesmo tempo, por um lance do acaso, que o descobrisse à irmã.
Ela moveu-se lentamente, inclinou-se para a companheira, com o leque à boca, risonha, segredando uma confidência. O busto tremeu-lhe de leve sacudido por um risinho, a outra reboliu-