sido despedido, ele, o irmão, desceu sorumbático, sentou-se a uma das mesas, pediu cognac e ali ficou a divagar, imaginando as múltiplas aventuras daquela rapariga que, depois de errar em terras estranhas, reaparecia, mais vela e mais forte, sem mácula do vício, triunfante, gloriosa na miséria infame.
Lembrou-se do dinheiro, apalpou-o, sentiu-o em volume cheio e mole. E, sacudindo a perna, ficou a banzar, inerte, numa apatia, cortada de acessos de furor. Mas aquela temerária aventura da irmã, apenas indicada em um nome - "Buenos Aires", a viagem, a instalação, o gozo bem desfrutado na opulenta cidade, a vida entre beijos e flores, em palácios monumentais, as suas noites de amor mercenário nas braços dum e doutro, foram-lhe, a pouco e pouco, despertando um árdego desejo carnal.
E admirava aquela audácia feminina, decompunha aquela vida, seguindo mentalmente todos os passos da irmã; a bordo, na terra estrangeira, pompeando em luxo régio nas frisas deslumbrantes, rodando em carruagens de molas flácidas, tiradas por parelhas de raça, esplêndida, sedutora nas suas formas rijas, mal desabrochadas, rolando em leitos forrados a seda, à luz velada de lâmpadas coloridas, em quartos nobres de palácios.
Uma mulher percorria vagarosamente o jardim em passos sutis, sacudindo o leque. Olhou-a;