— Pode subir. A senhora espera-o lá em cima.
Guiou-o ao longo de um corredor forrado de esparto e mostrou-lhe a escada.
— Sobe! convidou Violante.
Paulo sentiu viva emoção ouvindo a voz da irmã e foi com o coração aos esbarros que galgou a escada iluminada par uma clarabóia de vidros policrômicos.
— Entra e espera um instante na sala.
Dirigiu-se para o suntuoso salão atapetado.
O lustre cintilava a um raio de sol. O mobiliário era rico, adaptado à volúpia - moles divãs orientais sabre pelegos que formavam macia alfombra, de cores quentes; grandes almofadões de seda com borlas, fundas poltronas. Os consolos altos, esguios, com espelhos finos, eram todos dourados e rebrilhavam.
Cortinas escuras temperavam a luz, quebrando a violência do sol que entrava por quatro janelas abertas sobre balcões. Na mesa do centro, incrustada de marfim, dentro duma linda jarra de porcelana, morriam rosas. Aroma tépido e voluptuoso impregnava o recinto. Os rumores da rua chegavam abafados, ensurdecidos, como se viessem de muito longe.
— Espera um instantinho. Estou arranjando o cabelo. Vou já.
— Não te incomodes.
E, de pé, os braços cruzados, pôs-se a examinar os quadros, as estatuetas das peanhas. Uma sandália cor-de-rosa jazia no meio do salão embarcada. Sobre um