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Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/284

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dos divãs uma saia de rendas amarrotada parecia uma grande e estranha flor, murchando em abandono.

— Como vais?

— Vai-se indo. Estás num palácio!

— É. A casa é boa. Grande demais.

— Moras só?

— Sozinha.

Abriu a porta e apareceu deslumbrante, num penteador de rendas que a envolvia como em frocos de espuma. Os cabelos soltos cobriam-lhe as costas até a cinta. Nos braços, que as largas mangas deixavam nus, cintilavam pulseiras.

— Não repares, - disse sorrindo, como vexada. - Apareço assim para não te fazer esperar. Saí do banho. Senta-te. - Sentou-se muito encolhida, cruzando as pernas com desembaraço e Paulo viu-lhe as sandálias de veludo, um pouco da perna bem feita, carnuda. - Como vai mamãe?

— Como sempre.

— E Felícia?

— Felícia... Felícia está maluca. Despediu-se hoje.

— Maluca?

— Meteu-se com o espiritismo e anda a ver coisas. Fala com o filho.

— Que filho? Ela tem filho?

— Tinha. Era marinheiro. Morreu na revolta.

— Mas doida mesmo?