como se lhe faltassem o solo, o ar, a luz. Paulo precipitou-se, amparou-a:
— Então, que é isto, mamãe? Sente-se.
Foram-se-lhe os olhos enchendo d'água. De repente, dobrando-se sobre a mesa, rompeu a chorar, soluçando.
— Ora aí está! Trago uma notícia alegre e a senhora recebe-a assim.
Felícia apareceu à porta da sala atarantada, com a trunfa desfeita, olhando e sorrindo idiotamente. Contemplou um momento o grupo e, com um muxoxo, tornou para a cozinha. Dona Júlia levantou a cabeça e, fitando os olhos no filho, que a afagava, perguntou:
— Onde está ela?
— Em Botafogo.
— Boa?
— Forte e bonita como nunca!
— Como conseguiste descobri-la?
— Encontrei-a ontem no teatro.
E referiu toda a cena da Recreio; depois a visita que fizera à casa Botafogo, descrevendo tudo com entusiasmo, muito parcial da irmã, louvando-a, defendendo-a. "Fez muito bem. É feliz." Dona Júlia ouvia sem dizer palavra, cabisbaixa, e as lágrimas caiam-lhe dos olhos em grossas bagas. Quando ele anunciou a visita prometida para a noite, a velha levantou a cabeça e cravou nele os olhos, muda e comovida, com espanto.
— Ela vem cá?
— Prometeu. Vem, com certeza; afirmou.