— Dá-me um bocadinho d'água.
Ele foi pronto em servi-la. Depois de beber, a enferma perguntou:
— Que estás fazendo lá dentro?
— Fui mostrar a despensa, a cozinha.
Sentou-se e, meigo, perguntou:
— Então, que lhe parece?
A velha não respondeu; ele continuou:
— É uma excelente criatura e a senhora não imagina o que ela sofre do Mamede.
— Por quê?
— Ora! Não lhe dá vintém. Tudo quanto ganha é para o jogo; e ela, a bem dizer, quem sustenta a casa com o que faz lavando e engomando. A senhora há de gostar dela. Eu já lhe disse que vou tomar uma criada para o serviço pesado. Ela fica apenas para fazer-lhe companhia.
— E Violante? perguntou Dona Júlia.
— Que tem?
— Não tens tido notícias?
— Não. Talvez vá vê-la amanhã. Quer que ela venha cá?
— Sinto-me tão mal, esta falta de ar...
— Isso passa. É questão de dias. Foi uma felicidade acharmos esta moça, porque a senhora não imagina como ando agora cheio de trabalho. Se for feliz, como espero, em certos negócios em que me meti, talvez faça exame em março. Tudo depende de tranqüilidade.
Ritinha apareceu à porta perguntando onde estava o pão. Paulo precipitou-se, abriu o guarda-comida, solícito:
— Quer umas torradas, mamãe?