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Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/327

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— Umas duas, não tenho fome.

A mulata tornou à cozinha. Pouco depois aparecia com a bandeja e, acendendo o gás no quarto, ficaram os dois juntos à enferma, vendo-a comer, animando-a. Distraíram-se em conversa. Ritinha a falar de uma moléstia que também a martirizara durante meses. Andara nas mãos de um bando de médicos e ficara boa com remédios caseiros.

— A gente não acredita, mas a verdade é que não é um caso nem dois, quantos!?

— Mas a minha moléstia não tem cura. Não imagina como estou inchada e esta aflição que me mata. As vezes, de noite, fico sem ar, levanto-me, abro as janelas. É uma agonia que só Deus sabe! Dizem que é o coração, não sei.

Palmas estrondaram na sala. Paulo saiu precipitadamente do quarto e, chegando ao corredor, viu a porta da rua escancarada e um vulto branco de pé no limiar: era a vizinha.

— A sua criada saiu correndo e deixou a porta aberta. Foi lá para baixo, atirando murros, desesperada.

— Há muito tempo?

— Não, senhor. Agora mesmo. Parece que ela não está muito boa da cabeça.

— Está perdida. Nós conservamo-la aqui por pena.

— Vai por aí à toa. São até capazes de prendê-la.

— Isso com certeza.