os homens tinham flagelado contra uma coluna de pedra. Ele era, pois, como o Senhor, um perseguido. E um amor maior crescia na sua alma por Jesus, sentindo confusamente que houvera entre os seus destinos uma igualdade de sofrimento... Os seus braços erguiam-se para a Lua que subia. Ali, nas alturas, estava o Senhor. E mesmo vendo a Lua tão brilhante e triste, ele pensava se não seria essa a face do Senhor!
Assim pensava, sentado numa rocha. Os olhos de um lobo luziram entre o mato. Ele pensou que talvez, esfomeado,o lobo descesse à aldeia. E erguido, deu um bardo, espantou a fera para os altos, para longe dos caminhos que desciam à aldeia. Ele via-os, esses caminhos, por entre os pinheiros. E, em baixo, as luzes mortiças, mais longe o Pego da Dona, brilhando como um disco de prata. Aí era o casebre onde, a essa hora, Joana dormia. Nunca mais ele a veria deitada na sua canastra, coberta com o mantéu negro da mãe. Nunca mais as suas mãozinhas lhe arrepelariam as barbas. E uma tristeza imensa tomava-o, uma vontade de se deitar para sempre na serra, e ficar ali até que os seus ossos brancos se não distinguissem mais das rochas brancas. Mas quem faria rir Joana, como ele, quando a erguia nos braços até a rama dos mais altos pinheiros? E quem lavraria o campo da viúva? Essa, decerto, lamentava a sua saída