Os ricos atiravam-lhe bolsas com que ele ia comprar pão às viúvas. Os seus passos eram por vezes embaraçado pelas crianças, que se prendiam às suas pernas como a colunas. Os mercadores confiavam-lhe as suas tendas. Quando ele se ajoelhava à porta de uma igreja, dentro as orações eram mais ardentes. E como ele acarretava as lenhas dos soldados, polia as suas armas, rondava por eles as portas – os soldados gritavam na rua: “Viva Cristóvão!”
Uma tão grande popularidade inquietou o sobrinho do príncipe, que, tendo o seu tio fugido da peste, com o seus tesouros e concubinas, governava a cidade, e queria, por ambição do poder, ganhar as simpatias do povo. Mas a sua face lívida e dura, sobre um corpo enfezado e corcunda, desagradava às mulheres por sua fealdade, aos soldados por sua fraqueza. Um dia em que ele seguia uma procissão, com as relíquias de S. Teódulo, o povo, à sua passagem, permaneceu com o joelho apenas dobrado. Logo atrás, porém, entre o povo, vinha Cristóvão, como uma torre entre casebres. Um mercador rico dera-lhe vinte varas de pano de Flandres, para um saio: e todo ele sorria na sua simplicidade, agitando duas palmas verdes que as confrarias dos Irmãos Hospitaleiros lhe tinham dado, como emblema da sua caridade. Ao vê-lo, o povo, que se apertava contra as portas fechadas, rompeu a gritar seu nome entre bênçãos: “