Página:Ultimas Paginas (Eça de Queirós, 1912).djvu/213

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branco, em que se anunciava o maior gigante e o maior atleta de Navarra e dos Mundos. Cristóvão, sentado numa vasta caixa que um tapete recobria, esperava, enquanto fora o saltimbanco, tocando o tambor, anunciava a maravilha, e a mulher, com cequins de metal nas tranças caídas, como uma moura, esperava diante de um prato de cobre, onde deviam cair as entradas.

A feira era enorme, num vasto prado que defrontava com os muros da cidade. As barracas de lona, de madeira, de tapetes, de ramagens, alinhavam-se em grandes ruas. No topo dos mastros flutuavam bandeirolas. E homens enfardelados como orientais, mulheres com plumas nas cabeças, outras com trajes de nações estranhas, conservavam-se por trás dos balcões, onde, segundo a rua, e os mesteres, se desdobravam panos, reluziam jóias em caixas gradeadas, se perfilavam os frascos de essências, se amontoavam as peles, se confundiam as armas tauxiadas. Noutras ruas, sob tendas de lona, havia cozinhas, grandes barricas de cerveja ou e vinho. E os saltimbancos ocupavam um lugar perto do rio, que longos olmeiros assombreavam. Em volta, por toda a vasta planície, era uma confusão de carros descarregados, de pilhas de madeira, de cavalgaduras presas pelas patas, de grandes gigos onde se debatiam aves...