e se avistam de longe, as duas brasas dos seus olhos... E era no meio de serranias, povoadas por estes monstros, que ele vivia, desamparado.
Então, desvairado pelo medo, começou a fortificar, como na véspera de um assalto, o largo eirado, onde se abria a sua caverna. Em longos dias de suado trabalho, conseguiu rolar um penedo para defronte dos rudes degraus, que desciam para o vale e para o horto. E apenas reconheceu a inanidade da sua obra! Selvagens e feras podiam descer sobre ele dos cumes do monte, que do lado do sul se ligava, por um dorso fácil, a outras serras, aos areais. Recomeçou: arquejando e gemendo, acarretou grossas pedras para a boca da sua cova, onde todas as noites erguia laboriosamente um muro que, cada madrugada, desfazia. Mas, assim emurado, ainda não sossegava. Constantemente, silvos, mugidos, o rojar de pedras sob patas moles, sacudiam, sobressaltavam o seu dormir ansiado. Certo bater de asas, sobretudo, semelhante a grossos tapetes que se sacodem, tornava agora a cada instante sonoro aquele ar tão mudo e limpo do seu Deserto: – e ele não duvidava que fossem essas horrendas aves, de face humana, que assaltam os viajantes solitários, os embrulham nas asas felpudas, lhes chupam o sangue. Quantas vezes ele ouvira contar a Amés como dois soldados da Coorte, estacionada em Fulacon, para escoltar as caravanas da Líbia,