tinham sido devorados por estes vampiros!
Uma noite sentiu desabar, com estrondo, o muro que fechava a sua caverna. Até que a madrugada clareasse, não cessou de tremer, agachado num recanto, com os cabelos eriçados, e o rolo do Evangelho aberto diante do peito, como um escudo. Que valiam, com efeito, pedras, mal postas sobre pedras? Só do Senhor devia esperar a defesa que nenhuma força derruba.
E não tornou a erguer aquela vã e frágil parede. Diante da caverna, plantou a cruz de madeira. Mas o deserto parecia agora cheio de rumores e de formas. Cada hora de escuridão se tornou um imenso pavor.
Com que inquietação ele via descer, ao longe, sobre os desertos da Líbia, o Sol, que era a sua protecção! Não se sente mais desamparada uma criancinha que a mãe abandona numa estrada escura. Apenas a sombra se estabelecia nas quebradas, e toda a cor se apagava sobre as rochas, começava, em torno do Solitário, o mover e rumorejar de uma vida tenebrosa e disforme. Bafos mornos e fétidos passavam logo sobre a sua face: tropéis de patas, o duro entrechocar de cornos, roncos ásperos, estalidos de galhos que se partem, não cessavam na treva densa: longe, no areal, corriam, volteavam, clarões de fachos, guedelhas sacudidas no ar, e panos lívidos