serpente acordada e faminta. «Não! Não era tanto. Fora Deus, só Deus que fizera o prodígio. Só ele devia ser louvado, na sua Misericórdia sublime!
Mas vozes confusas, violentas, silvavam, cantavam nas profundidades do seu ser: «Foste tu! Deus só escuta aqueles que ama. Tu és o amado de Deus. A manifestação do seu amor é a concessão da Bem-aventurança. O Céu é teu. Em ti reside a virtude celeste! Toca com as tuas mãos um galho seco e ele reverdecerá!» Estava, pois, plenamente invadido pelo irremediável Orgulho. Só aniquilando o seu espírito, ele poderia destruir o Mal que nele habitava. Toda a mortificação da carne era inútil – porque sempre aquela luz de Inteligência, que dentro dele tremia, seria feita de fogo do Inferno. Estava perdido! Estava perdido!
Caiu com a face no chão, junto às muralhas que o Sol poente cobria de cor-de-rosa, e ali ficou, para sempre, e para morrer. Aquela alma perversa, que ele trazia em si como uma fera indomável, estava destinada aos tormentos sempiternos. Pois bem! que neles se afundasse depressa – porque, quanto mais errasse sobre a Terra, mais afrontaria o Senhor. Adeus, pois, oh Vida! Quão estéril, e inútil lhe fora, pois que lhe não servira para vencer a Morte!
E com a face no pó, os braços estendidos no