chegaria à extrema velhice, através da extrema sapiência.
Ele, com efeito, cada hora crescia em força e beleza. A sua cabecinha redonda bem depressa se cobriu de anéis finos como seda, e cor de ouro: – e todos os dentes lhe vieram, sãos e fáceis, sem lhe custar uma lágrima. Quando não dormia, do seu dormir tão sereno que parecia uma rosa sobre uma almofada, passava horas nos braços das aias ou da mãe deslumbrada, quieto, imóvel, já direito, com os olhos resplandecendo, ,e parecendo pensar em coisas profundas. Um tão raro encanto se exalava daquele corpinho, todo em rugas gordas, brancas e duras como mármore, que as aias se não podiam apartar do seu berço, esquecendo as horas de comer: – e os que um dia passavam no solar, e o viam um momento, ainda depois nas suas moradas, e entre outros cuidados, ficavam pensando, com ternura, naqueles cabelos de ouro puro, e nas duas estrelas dos seus olhos.
No aposento, onde estava o seu berço, não era necessário no Inverno aquecer o braseiro, nem, nas canículas, entreabrir as janelas à aragem – porque havia ali sempre um ar igual, doce, tépido, fresco, e que cheirava bem: – mesmo este aroma ia crescendo, e tanto, sobretudo em volta do seu berço, que Mestre Porcalho, que reprovava as essências derramadas junto