Entrou. Sobre o catre, a sua companheira jazia imóvel, branca como o lençol, já composto e liso, que a cobria. E diante do lume que estalava, a moleira, abatida sobre uma tripeça, sustentava no colo o menino, estendido num pano branco... Mas o pobre lenhador, que estendera os braças, como se ante ele se abrissem as portas do Céu – recuou espavorido. O seu filho era um monstro.
Escuro, coberto de uma pela rugosa e áspera; com uma face vaga, informe, onde as feições faziam como vagas protuberâncias nodosas, as mãos enormes enclavinhadas sobre o ventre felpudo; torto das pernas que findavam em dois pés agudos, como os de um fauno, todo ele parecia uma raiz sombria, raiz de árvore estranha, ainda negra da terra de que fora arrancada. E nem gemia. Era como o rudimento de um ser vegetal!
Duas lágrimas amargas e lentas rolaram pela barba do lenhador. Deu um passo para a beira do catre. Na face branca, e como morta, de sua companheira, duas lágrimas corriam também, como na amargura de um sonho desfeito.