Muito antes do Natal, Cristóvão começou a andar. Já corria toda a horta, era quase da altura da sebe – e se, para se segurar, atirava a mão a um ramo, o ramo rachava como sob o esforço de um homem forte. O pai vivia no encanto e deslumbramento desta força magnífica: - e seu prazer era contemplar a criança erguendo uma grossa panela de ferro, ou caminhar para a lareira abraçado a duas imensas achas de lenha. Não duvidava que ele viria a ser o homem mais valente de toda a castelania, e já o imaginava soldado, com uma pesada armadura, comandando os terços da castelania. No coração da mãe havia uma surda, vaga tristeza, por aquele crescer maravilhoso de força e de formas. Já o não podia trazer ao colo; Cristóvão tinha apenas um ano, e já não era o seu menino, o seu pequenino. Os ternos cuidados da sua maternidade eram já para ele inúteis. Não necessitava amparar-lhe os passos, nem meter-lhe na boca a comida. Enorme, tão forte como ela, Cristóvão, quando tinha fome levantava a tampa da arca e partia ao meio as broas mais duras. O lenhador marcara na parede, com um traço branco, a altura do filho, pelo Natal: - e cada dia os riscos subiam mais alto, quase rente à prateleira da louça. Aos dois anos a sua cabeça pequenina, coberta de uma lã espessa e loura, já dava pelo cinto do lenhador. Os saiozinhos de pano que ela