da serva, apedrejavam os muros da cabana. Desde esse dia a pobre mãe começou a definhar. Era uma dor surda, um desconsolo de tudo, que a deixava longas tardes imóvel, com a roca esquecida na cinta, o fuso caído no chão, perdida, entorpecida numa melancolia sem fim e sem nome. Todo o trabalho lhe pesava como um fardo inútil. Quase lhe custava a vestir Cristóvão, que nem o seu grosso gibão de estamenha sabia enfiar, e que quase fazia corar a pobre mãe, com o seu enorme corpo nu, grande como o dela, e que lhe parecia a nudez de um estranho, de um homem, que invadira o seu lar. À noite, silenciosa e pálida, repelia a sua malga de caldo,que Cristóvão logo devorava em silêncio. E não queria que o seu homem, assustado, chamasse o físico do castelo. Para quê? “O meu mal, murmurava, há de crescer e crescer...” As tardes na cabana eram tristes como as de um hospital. Tão fraca que se não podia mover do catre, ela contemplava o seu homem, sentado ao lado, com um longo olhar de saudade, o olhar umedecido de quem vai partir. Ele, com as mãos dela entre as suas, só instava para que ela experimentasse alguns dos remédios, que aconselhava a moleira, contra aquela míngua de corpo: e para o contentar, ela acedeu a atar ao pescoço um saco onde estava metida uma rã e a comer um caldo de margaridas apanhadas à lua cheia. Mas, sem dor,
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