de livros portugueses, João de Deus, Crespo, Junqueiro, Camilo, Chagas, e eu.
A impressão foi grande aqui, nesta terra, pouco acostumada a tais larguezas. Estes casos são frequentes lá fora. Em Inglaterra, o pomposo Macaulay, o bom Dickens receberam, em legados de dinheiro e de obras de arte, testemunhos repetidos do amor ou do orgulho que inspiravam aos seus concidadãos. Na Alemanha, não é raro que um banqueiro judeu de Berlim ou de Francoforte deixe no seu testamento, por mero fausto, alguns centos de florins a um filósofo que anda arranjando uma nova explicação do Uni-verso, ou a um desses sábios como os amava Hoffmann, que passam quarenta anos na trapeira de uma melancólica cidade universitária, ressequindo-se dentro de uma especialidade inverosímil – como aquele que escreveu doze grossos volumes sobre a fisionomia das serpentes. A Holanda ainda há pouco deu, por subscrição pública, uma fortuna a esse subtil e amargo humorista que assina Multatulli. Em França, os homens ricos dão toda a sorte de coisas boas aos homens grandes: Vítor Hugo recebeu um dia, de um dos seus fanáticos, cinquenta pipas de rum da Jamaica: a Júlio Verne, esse encanto das crianças e dos convalescentes, foi agora doado um palácio em Itália dentro de um parque, verdadeiro paraíso de cardeal, com águas vivas cantando em bacias de mármore...