a Balzac pelas suas admiradoras que julgavam reconhecer-se na Mulher de Trinta Anos, no Lírio do Vale ou na duquesa de Maufrigneuse, foram em tal número que o autor do Père Goriot pôde encher com elas esse extraordinário tubo de vidro que lhe servia de bengala – e que não passava, na realidade, de um chouriço de provas de afecto. Estes poetas, aqui, não recebem nada! E como se as nossas concidadãs lhes considerassem os poemas como obras impessoais – coisas mandadas fazer numa fábrica, pelo Governo, para uso da melancolia nacional...
Os únicos escritores portugueses que receberam anonimamente alguma coisa, por meio do correio, fomos nós, Ramalho Ortigão e eu, quando redigíamos ambos as Farpas: recebíamos então regularmente do Brasil – promessas de bordoada.
Foi por isso larga e ruidosa a sensação –quando nos chegou a nova tocante desse testamento, em que seis escritores portugueses eram publicamente coroados com apólices da Dívida Pública. A imprensa, um momento surpreendida, impressionou-se, aqueceu, e fez uma ovação ao Comendador Peres Cardoso; este defunto obscuro saboreou assim, durante semanas, a popularidade de um herói vivo. Às portas das tabacarias, (onde Lisboa faz sobre os seus bocados de impressões os seus bocados de frases)