Despojado dos fardos, foi-se sentar no cruzeiro – e a sua cabeça chegava ao seios de Jesus crucificado, e parecia repousar sobre ele. No entanto, de toda a aldeia, gente corria a ver Cristóvão. Os homens vinham da taberna, limpando à pressa os beiços; as mulheres vinham fiando, outras trazendo ainda na mão as hortaliças dos caldos. As crianças, ao princípio assustadas, vendo que ele lhes estendia a mão, com um bom riso, saltavam-lhe para cima da palma, e ficavam de lá rindo e acenando com os barretes, como do alto de um eirado. O regedor das terras veio por fim diante de Cristóvão rolando os olhos redondos, coçando o queixo, e falando baixo ao arqueiro que o seguia, desconfiado decerto daqueles fortes músculos, que podiam arrasar a aldeia, tudo roubar, e vencer os arqueiros; mas decerto todas as suas algemas não eram bastante fortes para algemar aqueles enormes pulsos, por onde as crianças trepavam, como por troncos de olmeiros: e afastou-se com dignidade, coçando sempre o queixo agudo. Mas duas mulas zurravam, por trás do caminho – e apareceram dois guardiões do convento, que, decerto avisados, desviavam-se do caminho para ver o enorme gigante. Todas as mulheres dobraram os joelhos, e os homens, com os barretes na mão, baixavam os olhos: - e então o mais velho espicaçou a mula com os calcanhares até a fazer parar junto de Cristóvão.