Página:Ultimas Paginas (Eça de Queirós, 1912).djvu/76

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De manhã, chegou do outro lado do vale, em frente do mosteiro. Uma muralha envolvia-o como a um castelo: - e por trás da porta, de grossa pregaria, os cães inquietos agitavam as cadeias de ferro. No pátio enorme uma faia abrigava a roldana de um poço. Altas fachadas com reixas nas janelas, erguiam-se em redor: - e ao fundo, junto à entrada da capela, havia um banco de pedra onde um guardião lia o breviário.

Ao ver Cristóvão, fechou o breviário – e examinou-lhe outra vez, com satisfação, os grandes membros serviçais. Depois, por um corredor, alto e fresco, levou-o a um claustro que cercava um jardim; ruas areadas contornavam os canteiros de flores; ao meio cantava um repuxo; e um espaço, entre paredes que a hera revestia, estava lajeado, como chão de igreja. Aí quatro frades, de hábitos arregaçados, jogavam a bola; outros, mais longe, conversavam ao sol; e sob um caramanchão o abade dormitava, com as mãos cruzadas no ventre.

Mas quando Cristóvão apareceu, tudo se interrompeu, todos ergueram as faces, um rumor correu de espanto: - e o guardião diante de Cristóvão, que hesitava, com o seu barrete na mão, fazia-lhe sinais para o levar até ao abade.

Sua Senhoria deu um salto na cadeira ao