de se apaixonar por uma mulher em conjunto, começam por se apaixonar pela cor do seu cabello, ou pelo tamanho dos seus olhos, ou pela forma do seu queixo. Se todos os homens, que estão nesta sala, quizessem dizer com franqueza o que foi que mais os seduziu, logo á primeira vista, nas mulheres a quem mais amaram ou ainda amam, cada um delles faria uma confissão differente. Este diria: “foi a forma da sua orelha, pequena, retorcida, rosea como lima concha de Palermo”. Outro: “foi a brancura offuscante dos seus dentes, certos e claros como um fio de perolas”. E outro: foi o seu modo de andar, foi a suprema elegancia das suas botinas de tacão alto...” A esta predilecção accentuada por certos encantos femininos é que se dá o nome de feiticismo em psychologia. O feiticismo amoroso é muitas vezes uma forma definida de loucura. Claro é que, quando exagerado e absorvente, quando convertido numa idéa fixa, sae do dominio da psychologia e entra no dominio da psychopathia e da psychiatria. Ainda não ha muito, foi preso em Londres um individuo, no momento em que cortava com uma tesoura a trança de uma senhora; a policia encontrou no seu domicilio um vasto movei, em cujas gavetas havia uma collecção riquíssima de pedaços de tranças, pacotes de cabellos de todas as cores, negros, louros, castanhos, ruivos, e até grisalhos e brancos... Esse ladrão de cabellos era um feiticista louco.
Mas não saiamos do terreno da normalidade. Deixemos os loucos com a sua loucura, e tratemos dos