Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/146

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duro, choramos sobre as suas páginas a dor das palmatoadas, de tal sorte que não voltamos mais nem às piedosas e moralistas ideias do puro Fénelon, nem ao grande Virgílio, à sua Geórgica, de profunda educação naturalista, nem à Eneida, primeira aurora do mundo moderno, poema genésico de uma transformação social.

Entre nós nenhuma senhora se dá às sérias leituras de ciência. Não da profunda ciência (o seu cérebro não a suportaria), mas mesmo dos lados pitorescos da ciência, curiosidades da botânica, história natural dos animais, maravilhas dos mares e dos céus.

Isso lembra-lhes a mestra, o dever, a monotonia do colégio. Depois acham vulgar, insípido. Querem ser impressionadas, abaladas — preferem o drama e o romance. As senhoras inglesas e francesas aos serões de família, lêem, ou para si, ou em voz alta aos irmãos mais pequenos ou aos filhos, livros de história natural, curiosas vidas de animais, viagens. Os livros de Michelet, tão profundamente sentidos, de uma tão grande harmonia moral, o Pássaro, o Insecto, o Mar, a Montanha, têm sido adoptados como livros de família, leituras de serão, doce ciência para espíritos delicados que amam a vida e os seres. Entre nós lêem Ponson du Terrail ou Dumas Filho e o seu bando de analistas lascivos. E, todavia, quanto a história e a vida das flores,