Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/145

Wikisource, a biblioteca livre

esperanças sobressaltadas, podem casar, ser ricas... E os grandes ímpetos dos sonhos partem em largos voos.

Tomam em desdém os livros e o estudo. Não há educação literária mais falsa, mais esterilizadora do que a dos colégios. Ensina-se à rapariga de oito a dez anos (além das línguas, francês e inglês, que só aprendem bem, depois nas famílias, pelo uso) — dois monótonos martírios de memória — a geografia e a história: a geografia com as suas listas de rios e montes, a história com a sua lista de batalhas e reis. Uma criança gasta meses numa luta áspera, a aprender de cor nomes geográficos e anedotas históricas — que dois dias depois de sair do colégio esquece voluntariamente, com gosto, como põe de parte o escuro vestido de merino do regime escolar. A geografia e a história ficam-lhe sendo assim duas recordações odiosamente colegiais, duas ciências caturras que lhe lembram os óculos da mestra e o seu dedo repreensivo e áspero.

Os colégios, pelos seus métodos fatigantes, repelem o espírito das mulheres dos livros e das coisas da ciência. E o que nos acontece a nós os homens, também, com o

Telémaco e com o Virgílio. Passamos sobre eles as compridas e sonolentas noites do estudo, tiramos-lhes, palavra a palavra, o significado