Página:Uma campanha alegre v2 (1891).pdf/144

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flor apertada entre as duas folhas de um livro. Nada a pode prender ao colégio: nem a serenidade de vida — porque não é o sangue buliçoso e sacudido dos catorze anos que aspira a repousar: nem o estudo — porque a mulher, pela simples constituição do seu cérebro, é adversa ao estudo e à ciência: nem a satisfação de cumprir o dever — porque a compreensão abstracta do dever não tem presa sobre o espírito feminino. A mulher, do dever, só compreende um lado, e esse admiravelmente

— o pudor. De sorte que, não a retendo a paz do colégio, nem o interesse da ciência, nem a influência do dever — tudo na sua natureza impaciente e curiosa a leva a desejar o mundo, o ruído, a vida exterior. E nesse estado de espírito que se encontra diante de horas regulamentadas, de lições, de costuras, o refeitório insípido, a uniformidade claustral. O refúgio são as conversas, as camaradagens, as grandes amizades, os segredos... Mas este mesmo regime mantém a imaginação perpetuamente excitada. O mundo aparece-lhes como alguma coisa de maravilhoso, de confuso e resplandecente que se balança indefinidamente, ao rumor das orquestras, e sob o esplendor dos lustres: concebem-se, com desproporções absurdas, os teatros, as salas, os bailes: mesmo as que são pobres, e sabem que na família estarão tão confinadas como no colégio, têm